Compulsão alimentar, eu?
quinta-feira, 5 de maio de 2016 // 0 comment(s)

Cada dia mais eu tenho chegado à conclusão que existem dois tipos de pessoa com dificuldade para emagrecer: as que comem errado e as que pensam errado (e portanto comem errado também haha). Eu já percebi que me encaixo no segundo grupo.

Já tenho praticamente um pézinho no casamento com a minha nutricionista: é um relacionamento que já tem cinco anos, com várias idas e vindas. A primeira vez que eu fui lá, queria, claro, além de emagrecer, aprender a comer. Ela me passou um cardápio maravilhoso, com uma lista de substituições super vasta, que me fazia sentir que fazer dieta não seria assim um sacrifício tão grande. Isso foi em 2011. De lá pra cá, fui aprendendo as dicas, como era o jeito certo de comer, e nem precisava mais checar no papelzinho quais as porções de comida e pelo quê substituir. Às vezes eu mesma montava meu próprio cardápio.

Eu achava que era uma típica história de sucesso que tem tudo pra sair na revista Tititi, né? “Brasiliense de 23 anos emagrece 300 kgs com reeducação alimentar”. Seria lindo.

Só que não. Voltei lá hoje pela primeira vez em uma pausa de um ano. Ultimamente, tinha até evitado ir porque eu sentia que já sabia de cor e salteado como seria o cardápio. Eu sempre tentava emagrecer um pouco por conta própria antes de ir. Para ser sincera, só resolvi ir agora porque quero começar a praticar exercícios físicos e precisava de orientação para o pré/pós treino.

Engordei 2,5kgs desde o mesmo período um ano atrás. Que maravilha!! Em cinco anos consultando com ela, apenas 2,5kgs a mais é de se alegrar né? Só que na verdade foram 11kgs, ao longo desse tempo todo. Na minha primeira consulta, eu tinha 55kgs, com um percentual de gordura por volta de 30%. Agora estou com 66kgs e com 40% de gordura. Ou seja, além de aumentar o peso na balança, também perdi músculo/ganhei mais gordura. 

Tinha uma super expectativa pra consulta de hoje. Eu já sabia que estaria pior fisicamente, mas estava animada porque agora eu já sei quais são os meus problemas: não consigo seguir dieta no fim de semana, não gosto de exercícios físicos e preciso comer sobremesas todos os dias, dentre outras coisas tipo “se eu saio com pessoas e elas comem, eu preciso comer”. Dessa vez a consulta ia ser diferente! Eu ia sentar lá, falar pra ela tudo o que eu não consigo fazer, tudo o que eu não gosto e o que eu gosto, e nós montaríamos um cardápio ideal que eu seria capaz de seguir, mesmo que emagrecendo devagar. 

Acho que a Sarah pensou “Minha filha, você está fazendo o que aqui, então?!”. Mas aí ela me falou uma coisa diferente: “Você precisa de acompanhamento psicológico”. Fui juntando as pecinhas e tudo fez ainda mais sentido: Oras, se eu sei o que preciso comer, a quantidade, a frequência… Por que mesmo assim eu não consigo emagrecer? Por que eu não consigo seguir? Por que eu não tenho o mínimo de auto-controle? Me falta força de vontade?

Já tive um período que eu queria marcar consulta com a minha nutricionista toda semana. Afinal, eu nunca consegui fazer a dieta que ela passa por um período initerrupto de um mês. A solução lógica deveria ser ir lá toda semana, porque aí eu ia ter motivação toda semana. Ou não? Claro que não, pessoa!! Porque o papel da nutricionista não é te dar apoio moral pra seguir a dieta, é simplesmente te orientar no que você deve comer para atingir seus objetivos. Claro que algumas pessoas se sentem motivadas de ir em uma, mas não é para isso que ela está lá.

O meu problema com a comida é completamente psicológico. Quer ver um exemplo? Fui a uma festinha esse final de semana. Cheguei mais cedo pra ajudar a organizar as coisas e a cada pratinho de doces na mesa, eu beliscava um pouco. Fiquei umas 4h lá arrumando as coisas e beliscando de tudo. Quando chegou a hora da festa em si, eu não estava com um pingo de fome. Mas tinha salgadinho, cachorro quente e comida de festinha! Tem que comer. Eu nem curto muito caldos. Mas tinha caldo verde, caldo de abóbora… Tem que comer. Eu já estava cheia. Mas eles serviram bolo. É doce e é festinha, tem que comer. Resultado? Saí de lá literalmente passando mal de tanto me entupir, mesmo tendo chegado sem estar com a mínima fome. Não tem lógica isso.

Ultimamente tenho evitado situações sociais porque “eu me conheço: quero emagrecer e se eu olhar as comidas gostosas que estarão lá, já sei que vou comer.” E aí, para não me sentir horrível depois por ter comido o que não devia, prefiro nem correr o risco. 

Gente, a minha vida inteira eu estou rodeada de situações assim. É não ter o mínimo de auto controle e comer até passar mal; ou é uma ressaca moral por comer o que não devia, a ponto de querer passar uns três dias só na salada pra compensar. É depois de ficar esses três dias na salada atacar uma promoção do Mc Donalds, porque “afinal, ninguém é de ferro”.

E apesar de tudo isso, eu sei! Eu sei o que é o certo, eu sei que se colocasse em prática os anos de cardápios de reeducação alimentar da minha nutri, eu estaria no meu objetivo há muito tempo. Então por que eu não consigo?

Voltando pra conclusão óbvia do primeiro parágrafo: estou no grupo das pessoas que pensam errado. Esse é um grupo de pessoas que não importa o quão especialistas sejam nos blogs de dieta e vida saudável, nas receitinhas light, nos treinos de academia, não vão conseguir ter uma relação legal com a nutrição do corpo sem ajuda psicológica.

Acho que escrever aqui, desabafar e compartilhar as minhas dificuldades pode me ajudar no meu mais novo desafio que é emagrecer mudando meu jeito de pensar e a minha relação com a comida. Claro que além disso, decidi buscar ajuda profissional. Não vou mais ficar indo na nutricionista e buscando resultados apenas físicos, mas quero ter um acompanhamento psicológico para me ajudar a superar as barreiras que me impedem de ser feliz comendo da maneira certa.

De uma coisa eu não tenho dúvidas: apesar de estar muito longe do ideal fisicamente, o que eu preciso transformar com urgência é a minha mente, não o meu corpo.

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